Convênio entre Itaipu, PTI e Cooperativa Central da Reforma Agrária vai impulsionar produção, gestão e comercialização de alimentos, beneficiando 3.500 famílias
Nesta quinta-feira, às 8h30, em Curitiba, a Itaipu Binacional e o Parque Tecnológico Itaipu (PTI) assinaram simbolicamente com a Cooperativa Central da Reforma Agrária do Paraná (CCA-PR) o convênio “Semeando Gestão e Fortalecendo a Organização Produtiva Sustentável”, que visa melhorar a produção, a gestão e a comercialização dos alimentos produzidos pelos associados e associadas. A parceria vai beneficiar 3.500 famílias assentadas no Estado, organizadas em 31 entidades, entre cooperativas e associações. O investimento da binacional é de R$ 80.796.925,04.
A solenidade, na sede regional do Instituto Nacional de Reforma Agrária (Incra), teve ainda a participação de representantes da Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER) do Governo Federal, que também atuará no programa. O convênio faz parte do Programa Itaipu Mais que Energia e atende os princípios da ATER, que contribui para a elevação da produção, produtividade e qualidade de produtos e serviços rurais, por meio de capacitação e apoio financeiro.
Para o diretor-geral brasileiro da Itaipu, Enio Verri, esse projeto não é de Itaipu, exclusivamente. “É um projeto vinculado ao governo Lula, que está pensando no Brasil, e nós, de Itaipu, estamos reproduzindo esse pensamento aqui no Estado do Paraná. Esse projeto, que nós estamos assinando agora, já está em andamento, por meio dos recursos disponíveis, e pretendemos que ele instrumentalize todas as nossas cooperativas e associações”, afirmou, referindo-se à assistência técnica que a parceria vai proporcionar às famílias assentadas. Segundo o diretor de Coordenação de Itaipu, Carlos Carboni, a agricultura familiar, para se desenvolver, precisa de atenção em três setores. O primeiro deles é a questão dos insumos para a evolução da agricultura orgânica, para garantir produtividade e alimento de qualidade. O segundo ponto é a utilização de maquinários para “tornar menos penoso o trabalho”. O terceiro é a produção de energia na propriedade, seja fotovoltaica ou eólica. “O convênio, que estamos celebrando hoje, foi assinado em 2023, o que significa que já está organizado, demonstrando a importância das parcerias feitas por Itaipu, em especial na questão ambiental”.
Para o presidente da CCA-PR, Fábio de Paula Herdt, esse convênio vem ao encontro do que as cooperativas planejam, de produzir alimentos saudáveis. “A ideia que se tem desse convênio é a proporção da agroecologia nos assentamentos da reforma agrária, com o potencial de melhoria da produção e foco na sustentabilidade, afirmou.
Segundo Marli Brambilla, do Conselho Administrativo da CCA-PR, o convênio inaugura um novo ciclo para os associados. “Não se trata apenas de um projeto de assistência técnica, mas de gestão, no qual teremos uma equipe multidisciplinar que vai ajudar as cooperativas no melhoramento e ampliação da oferta de produtos, na questão da agroecologia dentro dos assentamentos e a potencializar o trabalho da agroindustrialização e da comercialização dos nossos alimentos.”
Como funciona
O projeto está organizado em seis grandes territórios. Cada território manterá uma equipe para assessoria direta das cooperativas no sentido de melhoria da gestão e na elaboração de projetos agroindustriais, assim como no fortalecimento da matriz de produção agroecológica nas unidades produtivas das famílias. Essas seis equipes, por sua vez, serão assessoradas por uma equipe estadual multidisciplinar, que ajudará também a promover a intercooperação entre as cooperativas e a articulação entre os seis territórios.
O convênio, em vigor desde o ano passado, terá duração de quatro anos. Em 2023, a Itaipu repassou para a entidade R$ 10.172.735,07. Para 2024, está previsto um repasse de R$ 19.002.258,15. Já em 2025, serão investidos outros R$ 19.391.727,82; em 2026, mais R$ 18.666.993,83; e em 2027, R$ 13.563.210,17.
Dentro do convênio, cabe ao PTI o acompanhamento do desenvolvimento tecnológico, aprimoramento e evolução do sistema de gestão da Assistência Técnica e Extensão Rural, melhorando as ferramentas utilizadas pelos profissionais no campo e os painéis de gestão, com apresentação de informações mais intuitivas e indicadores para monitoramento e tomadas de decisões. Além disso, caberá ao PTI apoiar a criação de sistemas e páginas virtuais. A ATER, além do trabalho técnico de campo, também contribuirá com o fortalecimento e profissionalização das 31 organizações beneficiadas previstas no contrato, como cooperativas, associações e agroindústrias. A proposta é que elas produzam e forneçam 9 mil toneladas de alimentos por ano para os programas de alimentação escolar, com a ampliação de uma área de 700 hectares de produção, com certificação de conformidade orgânica.
Inclusão produtiva
Na mesma solenidade, em Curitiba, a Itaipu Binacional assinou uma carta de interesse com o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) e a Cooperativa Central da Reforma Agrária do Paraná (CCA-PR). A União e Itaipu deverão atuar em conjunto no sentido de apoiar a inclusão produtiva rural de agricultores e agricultoras familiares. A intenção é ofertar assistência técnica e extensão rural (Convênio ATER/Itaipu/CCA/PTI) e os recursos financeiros do Programa de Fomento às Atividades Produtivas Rurais (MDS), as tecnologias de acesso à água do Programa Nacional de Apoio à Captação de Água de Chuva e outras ações do Programa Água para Todos, as sementes de qualidade e adaptadas ao território, o crédito, o apoio à organização econômica e o acesso às compras públicas.
Bioinsumos e maquinário agrícola
Ainda pela manhã, a Itaipu, a CCA-PR, o PTI e o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) se reuniram para analisar um possível acordo com a Universidade de Agricultura da China (UAC), que está desenvolvendo parcerias com universidades brasileiras e o Movimento de Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) nas áreas de bioinsumos e de maquinário agrícola para agricultura familiar. A iniciativa é articulada pela Associação Internacional para Cooperação Popular (Baobab).
O objetivo da iniciativa é fortalecer o processo de mecanização da agricultura familiar e áreas de reforma agrária, contribuindo na produção de alimentos saudáveis. As máquinas, de menor porte e alta tecnologia, têm capacidade para realizar desde o preparo da terra até a colheita, garantindo maior eficiência e sustentabilidade no processo produtivo.
No começo deste ano, cerca de 30 máquinas agrícolas chinesas foram entregues às secretarias de estados do Rio Grande do Norte, Ceará, Maranhão e Paraíba para serem utilizadas em cerca de 20 tipos de cultivos em áreas que incluem assentamentos do MST e de outras organizações da agricultura familiar. Por enquanto, o maquinário está em período de testes, com o intuito de identificar quais itens se adaptam ao dia a dia da produção em território nacional e quais necessitam ajustes.